sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

fico nas feições do teu sentir

Se o meu dia se for deitar na tua vontade, dá-lhe guarida e revela-lhe os teus segredos, que eu procurarei sonhar contigo na única hora da minha liberdade. Parece que a suavidade se espalha em partículas pelos poros da pele e determina a nossa nostalgia. Que horas, as que servem de auxílio aos sussurros dos teus versos. Envolvo-me nelas e toco-te na silhueta das palavras.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

gera-se verbo nas folhas dos meus ramos

Se as manhãs se soltarem da noite, trazem consigo uma só leveza que nos desperta dotes de magnificência e saímos numa bruma tão solta quanto a nossa simplicidade. Escrevo cartas de impulso emocional e abandono-as em dias festivos, quero-lhes destinos fictícios. Se na caixa da memória se apaga a luz deixamos esquecidos os nossos sonhos e viajaremos alheados do sentido de imensidão da nossa existência. Para lá da imagem que projectamos no espelho está um íntimo de presença intrigante e de olhar fixo na nossa própria incerteza. Hoje estou de guarda ao meu desejo para lhe garantir a intensidade do prazer.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

o dia do teu sorriso é pleno

Ao fim do dia estendo no meu corpo as aguadas do desejo. Como se ainda pudesse brincar no pátio do teu recreio, onde as tardes são balões suspensos na nossa temeridade. Parece tão simples revisitar as fotos da infância e com elas encolher-nos no tempo. Se estou no local das horas que passam, vivo a nostalgia de me ver fugir. Os meus olhos fitam as luzes de todos os cometas que se declaram solitários. Para as noites de Inverno, reservei pequenos quartos de pensão que me recebem enaltecidos pela minha ausência.

domingo, 14 de fevereiro de 2010



Sem título; grafite e acrílico sobre madeira; 100x100 cm; 2010

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

se me virem em dias soltos silenciem

Tenho as palavras da minha vida diluídas em mim e as que liberto são a viuvez do meu sentimento. De gesto e riso solto ainda viajo na finura do teu rosto. Há por aí uns dias que se perdem na sua própria intenção e com eles o gume do nosso corpo. Sei que na forma do fogo há ligeireza de consentimento, e o seu âmago produz-nos sedução. Espero a aurora enlaçado nas seduções das mais limpas lágrimas, de puro orvalho.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

quero dizer que simplesmente voo

Encontrei uma floresta de medos e por ali larguei alguns sorrisos. A que horas me sirvo da minha mágoa, para justificar a tenuidade do meu pensamento. Posso avistar o leito do teu rio e nele mergulhar. Se a lua me fala é por vontade própria e o que lhe respondo é loucura de nunca a ter visitado. Julgo que o amanhecer é a respiração do nosso devaneio. Para lá da tristeza está uma única hora, que se faz verbo.


sem título; acrílico e grafite s/tela; 100x80 cm; 2010

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

porque se deixa cair o sonho

Vejo no espelho reflexos soltos tal como o frio que se instala em mim. Todas as manhãs deviam ser nossas e as tardes tempo perpétuo. Deambulo em trapézios perdidos. Retiro-me no silêncio das palavras, lanço-me para o seu leito, adormecendo na sua imortalidade. Se o meu nome pudesse ser próprio devolvia-me a forma.

pintura



sem título; acrílico e grafite s/tela; 100x100 cm; 2010

sábado, 6 de fevereiro de 2010

pinturas recentes



sem título; acrílico e grafite s/tela; 150x150 cm; 2010

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

guardo o último sonho no íntimo da vontade

Sinto despedir-me calmamente como o dia que se finda e com ele a sua única existência. Tenho nos olhos as lágrimas do meu propósito. Nas palavras estendo silhuetas e ao seu som retiro pureza. Peço aos búzios que recitem mar e me reservem imensidão. Por esse grito fora vai a subtileza da melancolia. Se hoje pudesse dançar abria o baile em desenhos de expectativa. Os meus passos seriam impulso ao gume do teu vulto.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

como sonham os barcos de papel

A minha curiosidade instalou-se nos brinquedos da minha infância. Detenho pela luz da lua um inestimável parentesco, somos mais presença que força. Tenho saudades daqueles que nunca me disseram nada. Desviei todos os meus rios e o mar onde agora desaguam pertence-vos. Ao meu coração encosto destinos de plena solidão, quero-lhes verbo.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

respondo à última sombra da tarde

Soltei todos os meus risos e ali naquela praça deliciei-me a vê-los dispersarem-se. A palavra é a respiração da nossa voz. Tive dias tão longos quanto a planície da nossa memória e o que detenho deles é a luz dourada que faz brilho de sua existência na subtileza de um rosto. Vou para o meu âmago desenhar linhas de bruma leve e por lá encontrar a debilidade de um sonho.

que brilho me traz a luz

Assusto-me com as vozes que se submetem à aurora. Os meus dias estão guardados em pequenos envelopes que devolvo aos que de mim se lembram. Seriam os meus segredos as vontades alheias e a minha voz o prenúncio de uma intenção. Há um certo silêncio que se resguarda nos meus passos.
Parece sempre tão simples soletrar o nosso nome e deixar-lhe o espaço da nossa presença.