segunda-feira, 21 de maio de 2007

mais imagens do caderno I










seria muito importante acompanhar a vontade até ao fim.

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Jornal de Letras nº955 de 9 a 22 maio

É comprar o JL vem lá um excelente artigo escrito por Rocha de Sousa relativo à minha exposição no Palácio Galveias.

terça-feira, 8 de maio de 2007

Eurico Gonçalves escreve acerca da minha exposição

Recebi ontem, das mãos do Pintor Eurico Gonçalves, esta maravilhosa surpresa. Um texto referente à minha exposição no Palácio Galveias, que aqui apresento completamente inédito.
O meu muito obrigado ao Eurico por estas palavras.


António Gonçalves
Fotografia e Pintura “Sem Título”


No silêncio da noite e no mais absoluto sigilo, um bando de homens circunspectos, rigorosamente vestidos de fato preto, observam desenhos e pinturas de António Gonçalves, à luz velada do candeeiro público da cidade. São presumíveis marchands, ladrões, figurantes de um filme ou profissionais actores-manequins de moda masculina; aparentam ostentar riqueza e pseudo-bom gosto, junto de um automóvel de luxo.
À margem do mercado da arte, o pintor isola-se no atelier para, à luz clara do dia, ver a cor tímbrica das suas composições abstractas, que surpreendem pela simplicidade de concepção formal e cromática.
Na sua inocência controlada, o pintor respeita e acentua a pureza da cor lisa e contrastante, em amplas superfícies, contornadas pelo traçado irregular da linha que, na sua expressividade imediata, engendra formas e signos, articulados uns em função dos outros, no mesmo espaço topológico que, sendo bidimensional, não sugere profundidade nem volume.
A pintura é, antes de mais, uma superfície preenchida com formas e cores, dispostas segundo uma certa ordem, mais ou menos harmoniosa – parafraseando Maurice Denis.
Na sua pureza máxima, a linha e a cor são os elementos primordiais das composições abstractas de António Gonçalves, cujo impacto visual evidencia-se em telas de grandes dimensões. Ao poder fotogénico e sedutor da noite enigmática contrapõe-se à clarividência do dia na pintura amável e emblemática de António Gonçalves, cuja obra, na totalidade, vive da encenação de meios técnicos de expressão, aparentemente antagónicos ou divergentes, mas complementares nas intenções que os motivam: um deliberadamente objectivo e figurativo, voltado para o exterior; outro assumidamente subjectivo e abstracto, voltado para o interior. O primeiro é ainda uma forma de representação teatral, de conteúdo narrativo, de apurada técnica impessoal, fria, lacónica, quase sem emoção. O segundo permanece um meio de expressão pessoal e artesanal, totalmente executado à mão, pelo que não abdica da sensibilidade gráfica e cromática, em composições que estimulam o prazer de ver o que o olhar descobre despreconceituadamente.
O olhar descobre o que vê na fotografia e na pintura, capaz de distinguir antagonismos e de os inter- relacionar na fusão dos contrários, porque a alma humana é profunda e infinita como o mar e o céu.
Na obra de António Gonçalves, o paradoxo consiste em verificarmos que a pintura sendo uma arte subjectiva, está objectivamente próxima dos olhos e, por isso, é clara e nítida, enquanto a fotografia, sendo uma arte objectiva, cultiva a distância e o mistério de cenas obscuras, consoante o ângulo de visão.
Nas artes de representação, a fotografia está para a pintura como o cinema está para o teatro. Quando a pintura se emancipa e deixa de representar, torna-se abstracta e autónoma, perde a companhia das artes de representação e deixa de rivalizar com elas. O triunfo da arte abstracta faz com que seja olhada com um misto de estranheza e desdém pelo leigo, ou com viva admiração pelo entendido, que investe nela ao ponto de confundir o seu valor mercantil com o seu valor artístico.
Neste “mundo-cão”, em que são visíveis os mecanismos da promoção do mercado, da publicidade e da moda, compete a cada um saber distinguir o trigo e o joio, o autêntico e o falso.
A boa fotografia e a boa pintura quase dispensam a legenda, pelo que uma e outra são expostas “sem título”, atitude que o autor assume plenamente, desafiando o espectador a olhar e a interpretar livremente o que vê, “C´est le regardeur qui fait le tableau” (É o observador que faz o quadro).
O espectador completa o sentido da obra de arte. Sem espectador não há espectáculo. Tem razão o artista total Almada Negreiros, quando diz: “Não é a pintura que interessa, não é a escultura, não é nenhuma arte especial. O que me interessa é o ES-PEC-TÁ-CU-LO! E O ESPETÁCULO É VER!”.
Nestas artes do silêncio “Sem Título”, sem palavras, O ESPETÁCULO É VER, ao desvendar o que a noite oculta, e ao interpretar livremente, a luz clara do dia, a linguagem das cores e das formas.

Eurico Gonçalves

Abril / Maio 2007

quarta-feira, 2 de maio de 2007

mais imagens do caderno









ainda assim se pode perder algum tempo.

Texto de Rocha de Sousa relativo à minha exposição

ARTISTAS PORTUGUESES António Gonçalves

www.rochasousa.blog.spot.com
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António Gonçalves, com uma exposição intitulada Impossibilidade, no Palácio Galveias, entra perfeitamente nestas nossas «contas» de ir revelando autores portugueses contemporâneos, sem cronologia ou referência de idade, apenas pela oportunidade, pela revelação de certas experiências no campo das artes plásticas.
A narrativa articulada pelas fotografias reinventa ou ficciona um trato de mercado de arte impróprio, pois tanto podemos estar diante de um acto de secretetismo, com aspecto ilegal, como de uma simulação de tudo isso e alguma discrepância noa meios, quer no disfarce arquitectónico dos lugares, quer no uso de um sumptuoso carro que não se ajusta ao outro tempo, embora possa pertencer ao domínio dos instrumentos de certas actividades do mercado ilícito de hoje. Se as pinturas, trazidas pela rua nas mãos (assim parece) do próprio autor, não podem estar a montante do espírito que as criou em e simultaneidade com a sua verdade subjectiva a jusante, agora. Isso retira-nos a possibilidade de relacionar os objectos e os sítios, e a própria actividade das criaturas, num tempo imensurável, parecendo relacionar-se com o mercado obscuro da arte, pertencendo a um tempo sem medida de todas as ilicitudes. Assim armadilhada a nossa visão, passando por uma poética de formas paradoxais, resta-nos a solidão de quando somos o último espectador a sair do teatro, refazendo vezes sem fim o sentido das cenas e o seu repetido desconserto.
Como a arte não é, quanto parece, um campo de revelação, os que lhe dão corpo ou fingem copiar o visível, ou apontam a uma autonomia fundamentalista ou legam ao espectador a mentira de cada representação. A mentira assim produzida pode ser um caminho de efeitos precários, mas pode também sagrar-se como alibi de uma verdade escondida. Klee definiu este difícil nó com grande lucidez: «a arte não reproduz o real, torna-o visível» Daí, em boa medida, a sua raridade.
Quem são estes homens vestidos de preto? O pintor acaba por ser o próprio Gonçalves. Depois de esperar, os homens apropriam-se das pinturas, pela calada da noite, enchendo o carro de luxo. Que máfias são estas?. Como é que uma pintura pode ser objecto de comércia, nestes e noutros moldes?
A mentira da representação muda, rara e difícil, sobre a realidade talvez passe mesmo pela mercantilização da beleza e pelo equívoco das fotografias aqui referidas, ambígua teia de sgnificantes e significados que o usufruidor das aparências pode indiciar entre filosofias divergentes ou convergentes. O consumo megalómano do mundo contemporâneo não se reserva para uma arte problemática: prefere pagar uma arte caríssima e que pouco mais pode fazer do que anunciar a sua própria morte.
N: com base nos textos de Pinharanda
Publicada por Rocha de Sousa

terça-feira, 1 de maio de 2007

Texto de Rocha de Sousa relativo à minha exposição

Um magnífico texto de Rocha de Sousa acerca da minha exposição no Palácio Galveias.
para ver consultar www.rochasousa.blogspot.com