quarta-feira, 29 de julho de 2009

posso dizer para onde vou sonhar

Se eu soubesse o que me faz viver, estaria depositado na minha ilusão. Permito às minhas lágrimas levarem o segredo. O desvendar das manhãs é plúmbeo e de sentido melancólico. Pus no meu verso as únicas palavras de medo ténue e despi a memória. Ao meu grito dou os saudosos sussurros do límpido desejo.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

se hoje me lembrar despeço-me

Porque se podem desviar manhãs, sem que se denunciem propósitos nocturnos. Fico a ver ausências que se espelham na lua. As palavras que ofereço na primeira confissão afastam-se para o íntimo. Lembro uma luz de mistério redobrado que insinua fins de tarde de verão. Deposito o meu sentido na única palavra que se reveste de silêncio. Que o vento dissipe a minha inexistência.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

ter o mesmo encontro de sempre

Deslizo nas artérias do tempo e de forma tão límpida aceno à minha loucura. A minha força seria tão simples se estivesse reservada a uma suspeita de melancolia. Queria ver em pleno mar a razão do meu medo, estando o meu corpo dependente da minha presença. Hoje o dia começa como a sombra que se dilui no limiar do meu corpo.

terça-feira, 14 de julho de 2009

parte do sonho está intacto

No regresso de uma vontade eu sugiro desejos. Quem se pode influenciar pelos pecados tidos nas primeiras horas do dia. Recordo as longas noites do último inverno. Sei que em todas elas me recolhia em espaços de nostalgia. Brinco junto ao mar sem medo e devolvo a inocência ao primeiro beijo. Fico a aguardar a aurora envolto em palavras simples de presença tão subtil. Do meu nome apenas o silêncio me pertence.

domingo, 12 de julho de 2009

para que se diz felicidade

O contrabaixo inscreve-se solenemente na planície da minha tristeza. Se me permitisse sorrir lembraria a minha felicidade em brisas soltas. O que espelho no rosto é tão simples quanto o nascer do dia. As vozes que liberto em meticulosos sonhos são versos que me levam ao sentimento puro. Aguardo ser recolhido pelas histórias que povoam a minha infância e soltar o riso da inocência. A cada noite que cai eu associo-me encarecidamente para me estender num leito de anseios partilhados. Hoje seria dia de ser eu, como se de mim para mim não existissem segredos.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

que a noite caia, sozinha

Deixo letras escritas na minha solidão, onde assisto a um tempo de entusiasmo lento. Quantos gritos estão guardados nas nossas recordações, convertidos em sussurros melódicos de carácter vincado. Perco-me nas últimas páginas de um qualquer livro à procura de personagens soltos. Os desenhos mais abstractos que ambicionei estão depositados nos meus olhos, que se lançam no eterno.

terça-feira, 7 de julho de 2009

li desejos em lábios alheios

Deixei entregue ao vento um murmúrio de conteúdo límpido. Esperei por respostas livres, que me revelassem pecados. Há no meu corpo uma planície que se enlaça no infinito. Parece trazer-me suspeitas de tranquilidade. Aos meus dias entrego simplicidade, com o desejo que a sombra não me recolha.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

desenho


desenho óleo s/papel montado em tela; 150x150 cm; 2005

ouço o tempo em forma de quimera

Reparei no desuso que dou à minha intenção, desvio-me dos desejos íntimos. A minha voz é efémera a cada palavra que profiro. Nas paisagens procuro imagens soltas, que açambarco inconscientemente. A profundidade irrompe na nossa existência e coabita no propósito das nossas vontades. O que segura as estrelas no céu é o desejo de manter os sonhos de infância.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

desejo sombrear o meu corpo

Na luz que se espalha em fim de tarde há uma presença de melancolia. Registo os instantes dos meus trajectos pela cidade. Quero simular pequenas danças em dias simples e oferecer os meus passos ao deslumbre do impulso. Parece-me tão puro, sussurrar ao ouvido umas palavras de sentido pleno.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

quis do tempo uma silhueta

Percorro solenemente uma montanha e permito ao olhar o sentido da imensidão. Agasalha-se em mim uma tamanha sensação de pequenez. Não distingo a forma que me comporta, lembro-a enquanto me sustenta. A cada memória dever-se-ia entregar um pensamento. As melodias devem escutar-se ainda virgens para nos recordarem o silêncio.