domingo, 27 de dezembro de 2009

que sonho o que se espelha na água

Uma das noites em que me revi em linhas soltas, despi-me de sombras. Parece tão limpa a luz da lua e o seus reflexos premeditados. Desço a rua e despeço-me das principais palavras que soletro com suavidade.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

de que figura se faz uma verdade

Sou aquilo que não possuo. Reformulo constantemente a primeira forma, como se dela quisesse construir o todo. Lembro dias inexistentes como parte do meu passado. Assemelho-me às melodias de uma tradição retida no horizonte. Ainda vejo o cimo da minha vontade e dele tenho uma imagem poética. Por hoje asseguro a bruma de um sonho.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

faria o tempo estender-se em paisagem plena

Como se devolvem as marés ao respeito da sua forma e se permitem tardes de melancolia. Ao meu hino facultei murmúrios de leve aparência. Estão tão simplesmente despidas as palavras da minha vontade. Consta que ainda se consente o desejo de atravessar a memória em livre voo. Da minha voz apenas a intenção se revela verdadeira.

para que se revelam imagens?

de repente as sombras são primárias revelações e obrigam à permanência da vontade. Quando o frio se instalar servirei vinho quente e responderei aos meus estímulos.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

o mar sobe sobe

Pois de vez em quando eu ainda digo ao vento que o acho confuso. Não serve ter medo, porque o nosso verdadeiro estado de existência prende-se com a sensibilidade. Passo pelas horas em silêncio absoluto.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009



desenho; óleo e grafite s/papel; 2009; 70x100 cm

sábado, 31 de outubro de 2009



desenho; óleo e grafite s/papel; 2009; 100x70 cm

terça-feira, 27 de outubro de 2009

há nas tardes rebentos de solidão

Seria tão simples ter-me diluído sem limites. O agasalho que desejo é de uma densa penumbra. Agora vejo a paisagem acender-se sem limites, ao mesmo tempo que me desvio para um denso nevoeiro. Soletro risos de solidão e respondo ao propósito de possuir nome próprio. Parece-me sempre cedo para que a noite se afirme e com ela os silêncios guardados. Presto-me ao simples esboço de uma presença, para que o âmago se confunda com a sombra.

desenho; 2009; óleo e grafite s/papel; 70x90 cm

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

fico a ouvir a respiração profunda

Em cada palavra há um recanto de nostalgia. Gostaria de sombrear as formas do meu olhar. Há em mim surpresas matinais que se diluem em deslocações ancestrais. Obrigo-me ao envolvimento com a neblina e descubro a realidade num desvendar do dia. Hoje agarrei o sorriso matinal e fiz dele vontade própria. Parece-me sempre tão deselegante pensar que o mundo que me rodeia é assim. Obrigo-me a dançar ao som da maresia.