quinta-feira, 25 de junho de 2009
fiz de mim incerteza
Subi ao cume da minha sensibilidade, dali deslumbrei as minhas ousadias. O desenho da minha sombra deverá ser guardado em corações alheios. Solto aviões de papel onde registei vontades, vejo neles a fragilidade dos meus desejos. Tenho no sonho a minha existência, mesmo que clandestina.
quarta-feira, 24 de junho de 2009
desabito a minha forma
Leio atentamente os escritos projectados pelo sol. As formas são tão simples que me deslumbram tanto quanto me iludem. Conseguir estar ausente por instantes indeterminados, é uma viagem longínqua ao desenho do nosso íntimo. Desvio-me dos dias e reabilito sentidos na noite. Para a primeira vez escolhi trajar de finos modos.
terça-feira, 23 de junho de 2009
deixei de possuir plano de voo
Por onde se arrumam as lembranças. O corpo pertence-nos enquanto o presenciamos. As subtilezas dos sentidos estão entregues aos nossos desejos. Há uma imagem espelhada na face do meu imaginário. O dourado que a preenche é límpido e tão natural quanto as lágrimas de orvalho.
segunda-feira, 22 de junho de 2009
li entre as palavras, vozes soltas
Não levo o tempo comigo, fica simplesmente depositado no passado. A noite tem um tal sentido de ausência, que no meu primeiro segredo nunca entendi o que deveria ser guardado. Sinto uma fadiga por arrumar as coisas que nunca irei fazer. Recordo ter dito nunca e agora padeço de não saber quando. Estendo-me no mar ao sabor da minha fantasia.
sexta-feira, 19 de junho de 2009
vi o ponto de chegada em privado
Dentro de mim há um espaço repleto de ermos propósitos. O silêncio da luz faz-nos viver o dia, admite sentir o tempo. Ministrei devaneios que se converteram em utopias. Vou soletrar pequenas palavras, enquanto relembro o primeiro devaneio. Tenho em mim o sol de tempos idos.
terça-feira, 16 de junho de 2009
posso ainda adivinhar quando nasci
O que mais sonolento há em mim é a única vontade de não querer ser. Danço nas encostas do meu medo e apelido as manhãs envoltas em nevoeiro. Não abri ainda a minha lembrança, olho-a de tempos a tempos e dou-lhe corpo. As folhas que deixo por riscar, são espaços de silêncio. Quero desviar sorrisos e ficar a ouvir segredos contados em palavras soltas.
segunda-feira, 15 de junho de 2009
fico à sombra do primeiro beijo
Ouvi umas palavras em desuso, pareciam ter profundidade, mas sem sentido. É no preludio da tarde que desejo brincar de forma livre. Suspender-me numa árvore e assobiar aos que dela se aproximem. Dobro pressentimentos em partes iguais e deixo-os a flutuar na corrente da minha emoção. Na minha pele está uma brisa de forma subtil que desvenda sentidos puros. Estou a projectar uma estrela que irei suspender no céu da minha memória.
sexta-feira, 12 de junho de 2009
sorrir para principiar o desejo
Em que parte do corpo guardo a minha vontade própria. Sirvo-me dos mistérios da primeira infância para assegurar os meus silêncios. Há um espaço entre mim e o pensamento que me dá livres formas. Nas paisagens estão estendidos os desejos primordiais, que nos pertencem naturalmente. Passo a pedir uma luminosidade de foro íntimo, ajuda a estar compenetrado na solidão.
quinta-feira, 4 de junho de 2009
fiz parte do pecado original
A penumbra sustenta uma parte do frio. Passeio-me numa rua própria e soletro umas palavras de luminosidade ténue. Já esperei os comboios vindos do âmago, traziam-me expectativa e deslocavam-se com melodia. No meu leito estendo o destino do corpo. Que manhã mais subtil, a que nos antecede a infância.
quarta-feira, 3 de junho de 2009
bebo água em formato de transparência
Ajudo os pensamentos a subir e permanecerem suspensos. Tenho distraído o tempo e arquivo pequenos pedaços de palavras para descrever minuciosos momentos. As folhas secam e adquirem beleza, revelam intemporalidade.
Abro as manhãs com um subtil sorriso.
Abro as manhãs com um subtil sorriso.
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