quinta-feira, 14 de maio de 2009

colecciono espelhos de água.

De que sabedoria me poderia servir, para revelar formas ocultas alojadas no meu coração. Largo umas folhas de aspecto sincero, nas águas do rio que me percorre. Espero resposta da primeira pergunta que fiz, ainda a infância se instalava serenamente. Por principio levo comigo a música da minha silhueta.

1 comentário:

x disse...

Diz-me, silêncio, em ruídos permanentes
singelamente confusos primitivos —
que mão estender à voz que ouvida não
fala comigo ou com ninguém, silente:
Devo tocar como quem chama e pede?
Ou agarrar o que não fala ainda
senão por gestos quase imperceptíveis?
Esperarei perguntas sem resposta?
Responderei perguntas não faladas?
Diz-me, silêncio, em ruídos de que és feito,
como entender-te quando és corpo humano.





de Jorge de Sena,
retirado de Poesia-III, edições 70