Desde que me lembro

Abracei-me ao sentido de uma palavra profunda e segui com ela os trilhos de uma viagem de comboio que me levou ao longo da minha infância. O sentido era o da surpresa infinita. Cruzei com a única voz do meu grito. Assisti à primeira representação no espelho do meu íntimo. Como seriam as minhas forças se fosse sol? Hoje sou maresia solta nos teus braços, som do teu idílio.

hoje sou isso mesmo

Construo habitáculos nobres e deposito-lhes a delicadeza da minha utopia. Respiro as palavras tímidas e fixo-me na única linha que vive no horizonte. Chego cedo envolto em medos, desvio o tempo para o leito do pecado. Se paro e rio, estou perante a minha figura.

ainda desenho matinalmente

Sou tão simplesmente uma brisa. Sou tão simplesmente forma. Sou tão simplesmente voz. Sou tão simplesmente solidão. Se puder ser a existência do teu sorriso, permanecerei simplesmente em ti.

desde cedo vi o sol

Há tardes de outono que são só tardes de outono. Se me dissolver na luz que se entrega ao crepúsculo, estarei livre na plena forma do meu gesto. Estes dias transportam a melancolia, são íntimos da nossa nostalgia.Quero-te no oiro do fim da tarde, na penumbra que revela o anoitecer.

Notícia no "La Vanguardia" dia 19 de Setembro

ainda digo silêncio

Devo parecer calor de verão longínquo e nostalgia de tardes ermas. Se no meu corpo se agasalhassem os teus medos, estaríamos na primavera do teu desejo. Quantas são as minhas viagens ao limbo, sem que o meu rosto não seja silhueta. Deveria sair hoje ao encontro de toda a dolência, entregar-me na sua certeza e abraçar-me no seio do meu nome.

exposição Madrid

Inauguro em Madrid dia 10 Setembro ás 20:30h Galeria Orfila, na calle Orfila

sem título; 2010; grafite e acrílico s/madeira; 100x100 cm

o meu desejo é simples

Trago no meu rosto as linhas do silêncio. Guardei contos em todos os meus poros e dei-lhes um sentido ao permitir que a noite fosse presença. Quantas rosas poderei dar à forma do teu corpo, quantas horas poderei estar na linha do sol posto. Se ainda poder entregar o meu corpo deixarei que a aurora seja lembrança da pureza.

mais um trabalho para Madrid

sem título; 2010; tinta da china e acrílico s/madeira; 100x100 cm