quarta-feira, 26 de agosto de 2009

que voz tão solta, me diz ter nostalgias

Como gostaria de me ver em limpidez. Subir ao cume mais alto de mim e lançar o olhar sobre os que me pertencem. Devo escolher as minhas figuras e desvendar os meus únicos vícios. Cada vez que me levanto solto-me da simplicidade do repouso. À escuridão entrego a minha certeza e desvio-me para o mais limpo dos meus sonhos. Abraço-me ali mesmo, onde a minha sinceridade começa e o meu estado é tão puro quanto a minha inexistência.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

fiquei sem o primeiro dia

Parece-me tão simples o brilho do sol. É meramente ausente o reflexo dos espelhos. Coleccionei sorrisos de carácter melancólico e perdi sentidos de vida. Para lá da minha escuridão há uma voz de ténue timbre que revela horas soltas.
Subo às árvores e ali me diluo com o vislumbre, pertenço ao vento que me leva em plenitude.

domingo, 16 de agosto de 2009

solitário, serei bruma nocturna

Tenho medo, sim, tenho medo de nunca ter sido eu. Embalo na magia de sonoras lembranças. Ao cimo do dia peço respostas e à única estrela revelei as minhas fantasias. Como seria o desenho do primeiro beijo. Aproximo-me da minha forma e detenho-me no desejo de nunca a dispensar. Há no mar reflexos dos meus silêncios. Aguardo simplesmente que a primeira brisa me sussurre palavras de sentido único.

sábado, 15 de agosto de 2009



desenho de tinta da china e fotocópia sobre papel; 2005; 29,7x21 cm

segunda-feira, 10 de agosto de 2009



desenho, fotocópia e tinta da china s/papel; 2005; 29,7x21 cm

encontro-me em despedida permanente

Fico sentado e vejo que o tempo passa. Segue sem disfarce, enquanto procuramos disfarçar o seu andamento. Há no seu ritmo, insinuações. Parece-me sempre cedo para admitir o término de um dia. Não me desliguem o medo para que possa manter-me fiel à incompreensão. Suspeito da brisa que ao chegar nos provoca misteriosos arrepios.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009



desenho, fotocópia tinta da china s/papel; 2005; 29,7x21 cm

o dia desviou a minha forma

Abro janelas de maneira solitária. Construí um piano com fragmentos de tardes de verão. Às árvores empresto as minhas sombras. Sigo sem perceber a morfologia abandonada pela luz do sol. Não vou libertar a primavera, farei dela deslumbramento e acumularei privilégios.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

o meu próximo grito está distraído

Mesmo que o sol se despeça a sombra resiste ao sentido da incompreensão. Resumo as palavras a simples reflexos da ausência. Há uma lentidão no silêncio da nossa presença. Para mim o mar destina-se a ser imenso e a sua vontade eleva o meu desejo. Quando leio os meus passos descrevo a minha solidão. Tenho naturalmente de guardar livros em pensamentos inacabados.